
:: 6/abr/2025 . 11:02
PF cumpre mandado contra empresário de Ilhéus ligado a esquema bilionário
A Polícia Federal cumpriu, na manhã deste sábado (5), um mandado de busca e apreensão em Ilhéus, no sul da Bahia, como parte da terceira fase da Operação Overclean. O alvo foi o empresário do ramo imobiliário Samuel Franco, conhecido como Samuca, investigado como possível operador financeiro de um esquema bilionário de corrupção, fraudes em licitações, peculato e lavagem de dinheiro.
Samuca é uma figura bastante conhecida em Ilhéus por seus investimentos imobiliários, incluindo a recente compra e reforma do Ilhéus Praia Hotel. A reinauguração do espaço contou com a presença de nomes influentes da política baiana, como o líder do União Brasil, ACM Neto, e o prefeito de Salvador, Bruno Reis, que elogiaram publicamente o empreendimento.
Segundo a Polícia Federal, Samuel Franco é ligado ao ex-prefeito de Santa Cruz da Vitória, Carlos André Coelho (União), preso em dezembro de 2024 durante a segunda fase da operação. Carlos André é apontado como integrante do núcleo operacional do grupo criminoso, com influência direta sobre decisões administrativas em órgãos públicos. Ele é acusado de intermediar repasses ilegais em contratos que somam R$ 170 milhões. Na ocasião de sua prisão, foram apreendidos R$ 1,5 milhão em um avião.
A investigação estima que o grupo movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão por meio de contratos fraudulentos, muitos deles ligados ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), com ramificações em diversos estados, como São Paulo, Maranhão, Pará e Piauí. Conversas interceptadas pela PF revelam o uso de linguagem cifrada, com termos como “encomendas” e “robalos”, para disfarçar os crimes.
Durante a ação deste sábado em Ilhéus, os agentes apreenderam eletrônicos e centenas de documentos relacionados a imóveis. A operação visa aprofundar as ligações entre os investigados e possíveis novos núcleos de lavagem de dinheiro.
A terceira fase da Overclean foi deflagrada na última quinta-feira (3) e ampliou o foco sobre figuras ligadas ao União Brasil. Entre os alvos está o secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Oitaven Barral, afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A nomeação de Barral contou com o apoio político de ACM Neto e do empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, preso na primeira fase da operação e apontado como o líder do esquema.
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