FOTO:Elza Fiúza/Agência Brasil

Os pedreiros são os mais vulneráveis a acidentes de trabalho, que cresceram 470% na Bahia.

A realidade dos acidentes de trabalho no estado estará em exibição a partir desta segunda-feira (11) até o dia 1º de maio no Salvador Shopping e faz parte da campanha “Acidentes de trabalho: é urgente evitar!”. Há pouco mais de uma década, em 2010, 1.133 acidentes de trabalho foram notificados, número que saltou a 6.469 no ano passado.

A alta de acidentes aparece em um levantamento realizado pelo grupo, a partir de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). O levantamento também mostra as atividades mais vulneráveis a acidentes e os perfis mais comuns dos acidentados.

Nas estatísticas oficiais, o ramo de atividades mais vulnerável a acidentes é, na ordem decrescente, o de pedreiros (9,6%), agricultores (8,3%) e soldadores (8,1%) – as três atividades profissionais estão recorrentemente expostas a maquinários, estruturas pesadas e/ou substâncias tóxicas.

 De 2010 a 2019, 1750 pessoas morreram, na Bahia, vítimas de acidentes de trabalho – foram 34.683 em todo o país. Motoristas de caminhão (9,6%), pedreiros (9,4%) e trabalhadores agropecuários (9,3%) lideram o ranking.

Os porquês dos acidentes

A alta de acidentes tem a ver com fatores como o avanço do mercado informal – como o de serviço de entregas por delivery, que expõe trabalhadores a longas jornadas de trabalho sem equipamento de proteção adequado – e aprimoramento no sistema informático da catalogação de dados.

“Talvez o número seja ainda maior pois há pessoas não resguardadas pelo INSS. Se a pessoa não tem vínculo de trabalho ou não está segura pelo INSS, ela vai ter que levantar da cama e ir trabalhar”, interpreta Cleber Cremonese, professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA.

Salvador é a cidade baiana com maior quantidade porcentual de acidentes. Na capital, estão 32% do total de acidentes registrados na Bahia – as principais vítimas são pessoas com faixa etária entre 30 e 39 anos (29%), que trabalham sem vínculo formal (37,5%) e homens (86%).

Há três problemas, na opinião do procurador do MPT Ilan Fonseca, que dificultam a prevenção e a culpabilização de responsáveis por acidentes de trabalho:

“O primeiro é a subnotificação. Os acidentes acontecem e as autoridades não tomam conhecimento. O segundo é responsabilizar a vítima pelo acidente. Compete à empresa orientar e exigir o uso de equipamento de proteção. O terceiro é [garantir] o direito de recusa do trabalhador em situações de risco. A lei assegura isso”.

Dos acidentes com trabalhadores que têm vínculo pela CLT, 81% foram típicos, ou seja, na execução do trabalho, e 19% no trajeto de ida ou volta.