Música, depoimentos, reflexões sobre avanços das mulheres na sociedade, com experiências de vida de representantes dos mais diversos segmentos sociais, marcaram a Sessão Especial em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, realizada hoje (8) à tarde pela Câmara Municipal de Ilhéus. A Sessão Especial também serviu para oficializar a reativação da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Mulher, em ato assinado pelo presidente Jerbson Moraes. Logo após a abertura oficial, a presidência da sessão especial foi entregue à vereadora Enilda Mendonça (PT), em reconhecimento à retomada da representatividade feminina no Parlamento ilheense.

A Frente será coordenada pela vereadora Enilda Mendonça, contando com a participação da colega parlamentar Ivete Maria (DEM) e os vereadores Cláudio Magalhães (PCdoB), Ivo Evangelista (REP), Kaíque Souza (Podemos), Tandick Resende (PTB), Luciano Luna (PV) e Augusto Cardoso (PT). A Frente Parlamentar vai provocar o debate sobre políticas públicas que possam identificar, registrar e diagnosticar os principais problemas enfrentados pela mulher ilheense, bem como apontar soluções e caminhos que garantam acesso, segurança, saúde e mais qualidade de vida a essas mulheres.

Pandemia

A situação das mulheres de Ilhéus em tempos de pandemia foi lembrada pelos participantes. “A pandemia deixou muitas mulheres psicologicamente afetadas e economicamente abaladas”, lamentou a vereadora Ivete Maria. “Este é, sem dúvida, um momento de reflexão desta luta que considero perene. E porque perene? Por que ainda são muitos os desafios a ser vencidos”, completou o vereador Tandick Resende. Presidente da Comissão Permanente de Defesa da Mulher, Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa e dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Kaíque Souza lamentou o avanço no número de feminicídio no estado, especialmente durante o isolamento social. Para o vereador Cláudio Magalhães, as mulheres são as que, neste momento, mais sofrem com desemprego, já que a maioria atua na área de serviço.

A participação da palestrante Rachel de Oliveira, professora da UESC e militante do Movimento Negro Unificado (MNU), foi bastante elogiada. Ela falou sobre “A Luta da Mulher, hoje e sempre, na sociedade” e destacou a importância de eventos onde são aproveitados espaço para a construção de políticas públicas para as mulheres. “Precisamos exercitar a capacidade de olhar para a outra e com a outra estabelecer alianças”, reforçou a secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, professora Adélia Pinheiro.

A defensora pública Cristiane Barreto elogiou a formatação da Frente Parlamentar. “A palavra que define a iniciativa é o engajamento social e político que ela pode proporcionar”, disse. A promotora Maria Amélia Sampaio lembrou os momentos difíceis vivenciados pelo País, tendo direitos prometidos no texto constitucional, não inseridos na vida da população, especialmente a feminina. Para a advogada e representante do Conselho da Mulher na OAB, Wanessa Gedeon, mesmo diante desta realidade é preciso destacar a resistência, as lutas, as barreiras ultrapassadas e vencidas pelas mulheres.

Representatividade

Para a primeira-dama de Ilhéus, Soane Galvão, para construir e efetivar uma nova realidade é preciso estar presente, com representatividade. Transformar a luta em um exercício diário. “O mais grave é que neste momento, as mulheres, especialmente as negras, convivem com três pandemias: a mundial, a da violência contra a mulher e o do racismo”, exemplificou Cristiane Vilas Boas, representante da União de Negros pela Igualdade (Unegro). Para a ativista Cris Calabraro, da União Bahiana de Mulheres, o 8 de março deve servir como reflexões sobre as mulheres que sofrem com preconceito e o machismo estrutural.

Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Indiara Angeli, destacou que é importante fortalecer parcerias para que sejam criados espaços de debate construtivo, ajudando a gestão a fazer uma ponte com a sociedade. Repórter policial por muitos anos, a radialista Laudiceia Carvalho assegurou ter passado muitas vezes por situações de preconceito e discriminação pelo fato de ser mulher em um campo de atuação prioritariamente de homens. Mãe do presidente da Câmara, a professora aposentada Maria José Moraes, disse ter a convicção de que só através da educação este quadro pode ser mudado. “E que a luta de vocês seja para valorizar sempre mais o professor”, disse.

Para a secretária de Educação do município, Eliane Oliveira, única mulher a ocupar um cargo de primeiro escalão no governo municipal, a luta e a comemoração do dia 8 de março têm que acontecer todos os dias por que só assim será possível transformar um número cada vez maior de mulheres. Coordenadora da Central Covid, a enfermeira Daniela Navarro lembrou das companheiras de luta e de trabalho, que formam a maioria do corpo de profissionais que atuam no combate à pandemia no município.

A artista Janete Lainha, presidente do Conselho de Cultura, valorizou a importância da representação das mulheres na escrita popular e seu histórico no movimento estudantil, condição que lhe trouxe a ser a primeira mulher negra representante da sociedade civil no conselho. Sueli Tupinambá, indígena e membro do Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres, destacou a luta histórica dos Tupinambá e o combate ao preconceito de ver seu povo sem ter reconhecimento de parte da sociedade civil.

A sessão Especial do Dia Internacional das Mulheres foi transmitida ao vivo pelas redes sociais da Câmara e contou, também, com a participação especial da cantora e intérprete Luana Carla, uma das mais belas vozes da nova geração de músicos no sul da Bahia.