Prestes a completar mil dias de governo, Jair Bolsonaro recebeu a Veja na quinta-feira (23)

Em entrevista à revista Veja, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) adimitiu que “se excedeu” durante as manifestações de viés golpistas de 7 de setembro e que muitos de seus apoiadores esperavam que ele “chutasse o pau de barraca”. Porém, ao explicar o seu recuo com uma carta escrita com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB), disse que preferiu “acalmar tudo”. Segundo ele, não há chance de “melar a eleição”, como já chegou a ameaçar.

Prestes a completar 1 000 dias de governo, Jair Bolsonaro recebeu a Veja na quinta-feira 23 para uma conversa de duas horas no Palácio da Alvorada, onde cumpre isolamento sanitário por comparecer à abertura da Assembleia-Geral da ONU. Em Nova York, Bolsonaro pintou um Brasil que se livrou da corrupção, superou a pandemia, protegeu o meio ambiente e está bem estruturado para receber investimentos internacionais.

“Esperavam que eu fosse chutar o pau da barraca. Você imagina o problema que seria chutar o pau da barraca”, disse Bolsonaro, que ainda afirmou na entrevista que não convocou as manifestações, embora tenha as incetivado nas semanas anteriores, adotando um tom golpista.

Ao dizer que extrapolou em algumas falas em São Paulo, Bolsonaro não explicou quais. “Eu vinha falando que estamos lutando por liberdade e comecei a falar uns quinze dias antes que estaria na Esplanada e em São Paulo. Mas em São Paulo, quando eu falei em negociar, eu senti um bafo na cara. Extrapolei em algumas coisas que falei, mas tudo bem”, disse.

Crítico feroz ao voto eletrônico,  Bolsonaro também recuou, dizendo que a participação das Forças Armadas em um conselho do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) dá segurança ao pleito. Segundo o mandatário, haverá eleições, embora tenha feito ameaças durante a sua defesa do voto impresso antes da rejeição do projeto pela Câmarta dos Deputados

“Vai ter eleição, não vou melar, fique tranquilo, vai ter eleição. O que o Barroso está fazendo? Ele tem uma portaria deles, lá, do TSE, onde tem vários setores da sociedade, onde tem as Forças Armadas, que estão participando do processo a partir de agora. As Forças Armadas têm condições de dar um bom assessoramento”, disse.

“Depois das manifestações de 7 de setembro, houve a reação do STF. Teve o telefonema do Temer, ele falou para mim: ‘O que a gente pode fazer para dar uma acalmada?’. Respondi que o que eu mais queria era acalmar tudo”, disse.

“Com as Forças Armadas participando, você não tem por que duvidar do voto eletrônico. As Forças Armadas vão empenhar seu nome, não tem por que duvidar. Eu até elogio o Barroso, no tocante a essa ideia — desde que as instituições participem de todas as fases do processo”, completou